Time de futebol americano é sensação da Praia do Forte

14/04/2010 19:52

Cabo Frio Rocks trabalha para representar a cidade em campenatos estaduais 

 

Por Mariana Penha

 

Um esporte diferente está dominando as areias cabofrienses: trata-se do futebol americano de praia. Um dos pioneiros na área é o Cabo Frio Rocks, formado por um grupo de jovens que estão superando obstáculos e trabalhando firme para consolidar o esporte. Fundado no dia 9 de fevereiro de 2009, o time surpreendeu os adversários pela evolução em apenas meses de treinamento. Ian Carriço, 17 anos, conta que a ideia surgiu a partir de uma brincadeira entre ele e o amigo Juan, um dos fundadores da equipe.

 

- A bola caiu no meu pé, e eu lancei "certo" de volta para o Juan. Então ele perguntou se eu sabia jogar. Respondi que sabia lançar, mas não conhecia quase nenhuma regra. No inicio eram apenas peladas, brincadeiras para divertimento. Depois de um tempo decidimos que iríamos manter um time com mais responsabilidade. Hoje, somos por volta de 40 a 55 pessoas. – explica, Ian.
 

Considerado o “xadrez das areias”, o futebol americano possui muitas especificidades. O treinamento consiste em duas qualidades essenciais: agilidade e força. Se um jogador for ágil mas não tiver um bom condicionamento físico, ele tem uma posição específica. Caso ele seja forte e não tenha muita agilidade, há outra função apropriada. Além disso, é necessário raciocínio lógico para definir as principais jogadas na hora certa. A meta é sair do campo de defesa, atravessar toda a área e pisar na zona adversária, chamada de endzone (zona final).

 

- O objetivo básico é conquistar o máximo de território e marcar o touchdown - ponto máximo do jogo. Afirma Ian, que ocupa a posição de Wide Receiver (WR), - responsável por receber passes.

 

Parece fácil, mas enquanto são 11 homens atacando, outros 11 tentam impedir que o ponto seja efetuado e a maneira mais utilizada para isso é derrubar o oponente. Porém, desmistificando a fama de ser um esporte violento, o futebol americano de praia possui regras. Ao contrário da versão original, é proibido o contato com o pescoço e a cabeça do adversário, tendo em vista que os jogadores não utilizam capacetes ou equipamentos pesados para proteção. 

 

Entretanto, essa paixão importada sofre com a ausência de patrocino. Para realizar viagens e arcar com os custos dos recursos materiais que necessitam como uniformes, por exemplo, os atletas tiram dinheiro do próprio bolso.

 

- Um bom patrocínio seria excelente para nós porque além de nos ajudar bastante, poderíamos dar um bom retorno considerando que estamos em constante viagem pelo RJ e, quem sabe em breve, pelo Brasil – desabafa, Ian.

 

- É apenas dessa força (patrocínio) por trás de um grupo que falta para que o Rocks seja completamente realizado e infra-estruturado – reforça Guilherme Viana de Souza Santos Cardoso,18 anos, responsável financeiro da equipe e Safety (integrante do time de defesa), conhecido como Guima.

 

A equipe espera que o bom desempenho nos campeonatos atraia empresários interessados em apoiá-los. Em outubro do ano passado, os rapazes conquistaram a segunda colocação no Campeonato Litoral Bowl I, realizado na capital do Estado. Ian resume o sentimento da equipe

 

- É mágico! Não só em chegar à final, mas por tudo que passamos e enfrentamos. Uma palavra que nos define bem é superação. Temos muita raça e força de vontade, pois não é qualquer time que, em sete meses de existência, chega à final de um estadual. Grande parte do que aprendemos devemos ao Rômulo Ramos (padrinho da equipe). Ele nos ensinou praticamente tudo o que sabemos – esclarece, Ian.

 

 - O espírito do time é ótimo. No próprio grupo, vemos líderes natos crescendo. Há uma hierarquia de liderança admitida pelos próprios jogadores que favorece e facilita o desenvolvimento e o transcorrer dos treinos, das viagens e dos jogos em si.- ressalta, Guima. 

 

Atualmente, o Rocks vive a expectativa de liderar o grupo A do Litoral Bowl II, prévia para os próximos campeonatos.

 

Esporte democrático, o futebol americano, pode ser praticado por pessoas altas, baixas, magras ou bem gordinhas. Logo, as mulheres não iriam ficar de fora dessa. O clima de respeito e união parece contagiá-las. Algumas moças resolveram aderir ao esporte e treinam durante os finais de semana. As primeiras integrantes são as namoradas de alguns jogadores do time masculino.

 

- Não sabemos se vai durar, mas se depender da garra e força de vontade das meninas, esse time tem tudo para dar certo porque elas têm talento. É sempre bom ter as namoradas por perto, não é? (risos) – conclui o líder Ian.

 

Assim, para conhecer ou praticar o esporte, basta ir à praia. O Cabo Frio Rocks treina às segundas, quartas, sextas e sábados às 19 horas, na altura da Avenida Nilo Peçanha. Vale a pena conferir a simpatia e o talento dos novos donos da praia. Pensamento positivo e: Go, go, Rocks!