Rua dos biquínis: mais que e-commerce, uma vitrine virtual
Por Anneliese Lobo
A famosa Rua dos Biquínis, em Cabo Frio, é considerada o segundo maior ponto turístico da cidade – ficando atrás apenas da praia do Forte, que já faz parte da história cultural da cidade – e ainda o terceiro maior empregador – perdendo para a prefeitura e a Salineira, empresa de ônibus que possui monopólio na cidade. E, acredite: tudo começou com uma senhora que resolveu confeccionar biquínis para vender aos turistas.
Hoje, com aproximadamente 150 lojas, a rua ganhou ares de shopping a céu aberto, o Gamboa Shopping. Lá encontramos a maior rede de moda praia da América Latina, sendo até mesmo citada no Guiness Book. Seus produtos são vendidos em todo o Brasil e exportados para diversos países. Hoje a famosa rua é o ponto de comércio mais importante da cidade. E como não poderia ser diferente, ela também utiliza a internet para divulgação de seus produtos. O que não chega a ser um e-commerce, já que as vendas não são efetuadas por meio dos sites. Mas, praticamente todas as lojas possuem páginas na internet.
De acordo com Jorge Marge, presidente da ACIRB (Associação Comercial e Industrial da Rua dos Biquínis), essa tecnologia ainda não ganhou espaço no setor de moda praia. A internet para o comércio praiano é uma opção a mais na hora de atrair novos turistas para o local. O espaço contribui ainda para divulgação de outros produtos além de biquínis. Jorge complementa que “o site é usado somente para divulgação do espaço, já que o sucesso da rua está nela própria: 95% de nossas vendas é turismo e 5% é público cativo da região. Por isso, precisamos que as pessoas venham até a rua”.
A linha-praia é um produto que precisa da presença do consumidor para a compra. É diferente de adquirir uma máquina, uma filmadora, por exemplo, que se sabe exatamente o que está levando. Basta que já tenha copiado um modelo do vizinho que não tem erro. Ainda assim, as lojas investem no espaço virtual como forma de divulgação da rua. É a maneira de levar o nome da Rua para várias partes do mundo.
A guarda municipal, Jaciléia Cavalcanti, 30 anos, é um bom exemplo de que isso dá certo. Ela é o que podemos considerar uma e-consumidora. Já efetuou duas compras online. Mas admite que sempre usa o espaço digital antes de aderir a uma compra. “Para mim é muito mais cômodo. Eu costumo primeiro pesquisar na web para depois ir à loja física, mesmo que ela fique aqui na cidade”, afirma.
Mas ela diz que nunca compraria roupas e biquínis pela internet. “Não porque roupas e calçados eu preciso provar. O modelo exposto na tela pode ficar bonito, mas não cair tão bem no meu corpo”, explica.
Amante de motocicletas, sempre que lança um novo modelo, Jaciléia procura dar aquela olhadinha no site para conferir detalhes. Ela dá dicas de outra prática: pedir informações sobre algum produto antes de comprá-lo em blogs e comunidades também pode ajudar a não errar na hora da escolha. “Eu costumo pedir informações para outras pessoas sobre produtos na internet antes de comprar. Como vantagens, funcionamento, indicações...”, complementa.
Cabo Frio vive uma situação de sazonalidade. Ela é uma cidade com vocação turística que vive momentos de euforia na alta temporada e precisa de muito jogo de cintura para se manter durante a baixa. Para o economista Marco Antônio de Souza, a vantagem desse novo mercado é levar o produto até a casa do cliente, o que torna os produtos mais reconhecidos. Para ele, os comércios de Cabo Frio precisavam adotar o formato virtual para minimizar os efeitos da baixa temporada. “As lojas que conseguirem se implantar dentro do comércio digital, vão ter vantagens de vender para o cliente o ano inteiro eliminando o problema da sazonalidade, independente da época do ano”, comenta.
Mesmo que seja apenas como vitrine, a web cumpre seu papel de aproximar as distâncias e cria um elo de relacionamento entre clientes e lojas. Marco Antônio acrescenta ainda que “o comércio de Cabo Frio enriquece as estatísticas do SEBRAE em relação às pequenas empresas que morrem a cada ano por não conseguirem se manter nessa sazonalidade”. Para ele “se o e-commerce fosse implantado, minimizaria esse efeito ajudando a manter a economia do município”.