Produção salineira na Região dos Lagos é inexpressiva
Por João Phelipe Soares
Muitas são as riquezas históricas e culturais espalhadas pela cidade de Cabo Frio, como as igrejas de Nossa Senhora da Assunção (padroeira da cidade), a de São Benedito (construída especialmente para os negros), e o imponente Forte São Mateus, mas na opinião de alguns salineiros saudosistas a verdadeira jóia da cidade é o sal.
Considerado por historiadores como “ouro branco”, o mineral é tão antigo que nem mesmo o calendário conseguiu registrar seu descobrimento. Os índios Tupis e Tamoios foram os responsáveis por encontrar a matéria-prima que se formava espontaneamente nas frestas das rochas que beiravam a lagoa de Araruama. No entanto, quem deu o grande impulso no cultivo do sal, a partir da construção das salinas, foi o alemão Luiz Lindemberg.
- O ‘boom’ do sal começa em 1924, quando se inicia o processo das salinas. Cabo Frio surgiu do sal no período colonial – aponta a memorialista Méri Damaceno.
Ao todo, entre Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Araruama, 109 salinas foram construídas, com destaque para as cabofrienses que atingiam constantemente um dos maiores níveis de produção do cloreto de sódio, chegando a marca de 39.417.000 kg em 1935. As outras salinas, juntas, não chegavam a essa grandeza.
Segundo o presidente do sindicato dos salineiros, Humberto Quintanilha, de todo o sal consumido no Brasil na década de 50, 80% saída da região, quadro bem diferente da realidade do século XXI. Em Cabo Frio, não existem mais salinas.
- Em 2008 as salinas produziram 5.190.000 toneladas, isso não chega a 2% de todo o sal produzido no país.
O lucro que a atividade salineira representava aos seus proprietários também entrou em crise. Com o progresso das cidades, a salina deixou de ser um ambiente de trabalho procurado pelos moradores, o que também afetou na lida com o mineral.
- O nosso sal está desacreditado no mercado, a verdade é essa. E quanto mais desacreditado, menor a procura e maior a oferta e nesse vai e vem o preço vai caindo cada vez mais. É o tipo da coisa que quanto mais produz, mais prejuízo dá! Aqui funcionava bem há 15 anos, depois paramos – lamenta Jacyr Matos da Silva, proprietário de uma das poucas salinas da região.