Lutar para relaxar

04/06/2010 10:44

Por Tahyana Duarte

 

O Kung Fu, assim chamado no ocidente, é uma arte marcial que tem suas raízes na China. O termo correto em chinês é Wushu, que pode ser traduzido como arte da guerra. A base desta luta está na observação e adaptação dos movimentos (denominados katis ou taolus) dos animais - Águia, Serpente, Louva-a-Deus, Tigre, Dragão, Galo, Urso, Macaco, Garça entre outros - para as condições humanas, de acordo com as possibilidades físicas do homem. Existem vários estilos de Kung Fu, e algumas escolas possibilitam treinamentos em armas chinesas, tais como bastão (gun), facão (dao), espadas (jian), lança (qiang) entre outras. No Brasil, os estilos mais populares são o Louva-a-Deus, Garra de Águia e Tigre.


O Kung Fu, que pode ser traduzido também como "Tempo de Habilidade" ou "Trabalho duro", se refere a habilidade alcançada na prática de uma atividade. Esse termo foi incorporado, posteriormente, para designar as artes marciais e ganhou força na década de 70, devido a filmes e séries de artes marciais protagonizados por atores como Bruce Lee e David Carradine. “Esse estilo de luta surgiu a partir da visita do Monge Bodidharma na China, para ensinar sobre Budismo. Nessa visita, ele percebeu que os monges adoeciam facilmente, e instituiu uma série de exercícios, baseados na respiração (yoga) e nos movimentos dos animais, que tinham o objetivo de fortalecer o corpo e aumentar a vitalidade dos monges. Estes, com o tempo, desenvolveram tais exercícios e com base nos movimentos de ataque e defesa dos animais, o Kung fu começou a se desenvolver como forma de luta”, explica Cristiano Franco Vitorino, professor de Kung Fu, que pratica o esporte há sete anos e já participou de alguns campeonatos, entre eles o Mundial UIAMA, que aconteceu na Argentina, em 2005.


Ao contrário do que muitos pensam, o Kung Fu não é apenas uma luta rica em técnicas de defesa pessoal, mas também proporciona equilíbrio físico, mental e emocional, aumentando a qualidade de vida. Dentre os benefícios para o organismo humano, essa arte marcial contribui para o desenvolvimento da coordenação motora; aumento da flexibilidade, força, velocidade e resistência; auxilia o crescimento e o controle do peso; orienta os praticantes, direcionando-os a terem mais segurança, determinação, controle das ações, disciplina, humildade e respeito para com o próximo; desenvolve o raciocínio; diminui o estresse e a ansiedade. Tal esporte pode ser praticado por qualquer pessoa, sem distinção de idade, sendo uma arte inclusiva. “É aconselhável que seja feito um check-up médico antes de iniciar qualquer atividade física, mas não há limite de idade. No Kung Fu você busca sua própria evolução e, por isso, não devem ser feitas comparações entre os praticantes. Você tem suas próprias metas”, diz Vitorino. Ainda segundo ele, apesar do Brasil ter um bom número de adeptos desta luta - as maiores academias se concentram no Rio de Janeiro e São Paulo -, as artes marciais não têm o devido valor que merecem. “Infelizmente, ainda se dá muito apoio para o futebol e pouco para outras modalidades de esporte. A arte marcial precisa ser divulgada, não apenas como luta, mas sim com toda sua parte filosófica, mostrando todos os benefícios que pode trazer aos jovens e adutos”, desabafa.


O Kin Lai é a saudação tradicional do Kun Fu, sendo executado com a mão direita fechada (representa o Sol) e a esquerda aberta (representa a Lua) por cima da outra mão, constituindo um novo caractere (Ming), que significa clareza. Esta saudação indica respeito e equilíbrio em relação ao oponente. Outra saudação utilizada é a Tini, onde a mão esquerda fica aberta com o dedo polegar fechado (representa os quatro princípios básicos - disciplina, concentração, respeito, confiança - e a humildade, polegar abaixado) e a mão direita fechada (representa força). O Kung Fu pode ser praticado tanto individual quanto em conjunto. No primeiro caso, é usado o Mook Yan Jong, uma espécie de boneco de madeira para treinamento de artes marciais, conhecido popularmente como Wooden Dummy.


O universitário, Klaus Tibúrcio Duarte, 31 anos, conta que teve pouco tempo de contato com o Kung Fu, e, apesar de não ter continuado a praticar, essa foi uma experiência única. “Fiz apenas um mês de Kung Fu. Interessei-me pelo esporte através de uma reportagem que falava do equilíbrio interior, a harmonia, os movimentos semelhantes aos dos animais, técnicas de concentração e respiração. Não pude continuar devido ao problema de hiper-hidrose, o que me incomodava muito. Mas é um esporte que vale a pena!”, relata.