JORNALISMO PERDE ARMANDO NOGUEIRA

14/04/2010 14:48

Piloto amador e advogado. Estamos falando de Armando Nogueira, um dos mais completos jornalistas brasileiros dos últimos 60 anos. Morto em 29 de março, jamais será esquecido no mundo jornalístico. Com certeza, os jovens estudantes de Comunicação Social não têm ainda o conhecimento necessário para julgar a importância do que foi e será a perda do grande criador de várias programações do mundo midiático. 

             Desde que chegou ao Rio de Janeiro, aos 17 anos, Armando logo se identificou com o que mais gostava de fazer. Seu primeiro emprego na área de jornalismo foi na editoria de esporte do “Diário Carioca”, em 1950, atuando com repórter, redator e colunista.      Ele trouxe inovações diversas para o jornalismo carioca.  Criou o Jornal Nacional na rede Globo e foi responsável pela direção de esportes da mesma emissora. Seu poder de criar programações contribuiu muito com as inovações existentes até hoje nos sistemas de comunicação. Ele deu uma nova visibilidade na forma de como o telespectador se enquadrava dentro de certos noticiários, em todos os sentidos do jornalismo. Mas foi realmente no esporte que Nogueira mais se identificou, chegando ao ponto de escrever dez livros sobre o mundo do futebol, como “Na grande área”, Bola na rede” e ” A ginga e o jogo”. Nesses livros, certamente, estão as mais belas crônicas, poesias, contos e mesmos piadas do mundo esportivo.

 Armando era conhecido como o poeta do esporte e deixou frases que identificavam os feitos dos jogadores e personalidades que ele tanto admirava.  Para explicar a facilidade com que Garrincha jogava, escreveu: “Para Mané Garrincha, o espaço de um pequeno guardanapo era um enorme latifúndio”, querendo dizer que, para Garrincha, quanto menos espaço seus adversários lhe davam, mais campo para jogar ele tinha, com dribles desconcertantes que faziam a torcida vibrar de alegria. Assim era Nogueira sempre criando frases que descreviam a ação daqueles que ele admirava.  Quanto a Pelé, ele disse: “Pelé é tão perfeito que se não tivesse nascido gente, teria nascido bola”.

  Armando Nogueira se destacou também por ter o privilégio de participar de todas as copas do mundo a partir de 1950. Sofreu como todo torcedor brasileiro no Maracanã de 1950, quando viu o Brasil ser derrotado por 2x1 pelo Uruguai. Teve também a infelicidade de ver o Brasil ser desclassificado pela França na copa do mundo de 2006, sendo essa a última de sua vida. O jornalismo, principalmente o esportivo, setor em que ele mais atuava ultimamente, perde um de seus principais, ou quem sabe o principal responsável por toda a sua evolução.

 Com passagem por vários veículos televisivos e impressos, em cada um desses lugares Armando deixava a marca de um grande escritor. Depoimentos de pessoas que conviveram com ele durante toda sua trajetória no cenário jornalístico justificam o grande mestre que era. Pouco antes de sua morte, foi homenageado com a Medalha de Honra da Ordem ao Mérito de Comunicações. Seu corpo foi velado no local em que ele mais gostava de estar, o Maracanã, onde, aos domingos, assistia às partidas do seu glorioso Botafogo.

 

Por Luiz Fernando