As mulheres e o tempo

29/04/2010 16:23

Por Cristiane Vieira e Thamirys Carvalho

 

Cuidar da casa, da família, trabalhar fora, estudar, ir à academia e ao salão de beleza. Essa rotina é bem agitada, mas, familiar para a maioria das mulheres ditas modernas. Bem diferente dos anos 20, quando suas prioridades eram especificamente o lar, marido e filhos, a realidade e objetivos dessas ‘guerreiras’ mudaram. Hoje, não ficam apenas em casa esperando o marido chegar depois de um dia árduo de trabalho para encher a geladeira. Em busca da igualdade entre os sexos, elas foram a luta e as conquistas foram sendo obtidas ao longo dos tempos. Trabalham, estudam, cuidam do lar, da família, e ainda precisam de tempo para se manterem lindas e equilibradas num salto alto.

 

Na década de 20, a vida da mulher brasileira era considerada mais tranquila. Tinha o posto de moderna mesmo sem precisar acordar às 7 da manhã para enfrentar a ‘correria’. Enquanto o marido trabalhava, ela, assim que sobrava um tempinho dos afazeres domésticos, se enfeitava para ele. A mulher vaidosa dessa época dominava uma grande fatia da economia. Comprava produtos de beleza, roupas e tudo o que enaltecesse sua sensualidade. E era em alto estilo - Coco Channel - que marcava a elegância e principalmente, a silhueta.

 

Não bastasse tanto luxo e glamour, o tempo caminhou. Elas não poderiam imaginar a mudança que estaria por acontecer no estilo de vida feminino. As agonias, ansiedades e conquistas do “eu também posso” caminharam com a sucessão dos anos.

 

 

Passaram-se os anos de rebelião para se tornar as musas da sociedade. Elas conseguiram. Estamos em 2010 e até agora, a maioria das mulheres se pergunta onde chegou com a revolução. Após as lutas por igualdade de direitos derivadas do último século, a mulher contemporânea acumula funções que antes eram delegadas apenas aos homens. As responsabilidades e a carga de trabalho tornam-se cada vez maiores e a mulher sente-se angustiada frente a tantas demandas.

 

 

De fato chegamos a um posto elevado. Mas continuamos as mesmas - sensíveis, sonhadoras, românticas, donas de casa, mães e esposas. É o que acredita Simone Ferreira – mãe, esposa e administradora de empresas.

 

 

Aos 35 anos, Simone se diz cansada pela rotina que as mulheres do último século buscaram, porém admite que mesmo com dias exaustivos, não abriria mão de sua profissão. “Acredito que o grande problema dessa revolução é ter acumulado tantas funções, com isso não encontramos tempo para nós mesmas. O tempo livre que supostamente teria aos fins de semana para cuidar de coisas pessoais é ocupado com afazeres domésticos acumulados no decorrer dos dias. Mesmo assim não me imagino sem uma vida profissional ativa, que é uma contribuição no orçamento familiar. O que minimizaria essa sobrecarga – além da divisão de tarefas – seria o aumento do salário mínimo para que todas as mulheres tivessem condições de contratar alguém que as auxiliassem”, desabafa.

 

 

Enfim, ser moderna atualmente é assim. Acordar todo dia pulando da cama, ligar a TV para “ouvir” as primeiras notícias do dia enquanto toma o café e organiza o material escolar dos filhos. Em pouco tempo, com volante nas mãos – aproveitando o sinal vermelho para dar os últimos retoques na maquiagem - e salto no acelerador chegamos ao trabalho. Durante o dia, mil ligações, recados, vozes e pensamentos. Ainda assim temos que estar lindas, cheirosas e atraentes. Afinal de contas, mais que mulheres somos artistas da vida real.

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